A última partida se tornou um fiel espelho do que foi a carreira profissional de Jo-Wilfried Tsonga. Jogou num nível muito alto a maior parte do tempo, deu espetáculo com lances geniais, Suou, vibrou e sorriu até que veio a contusão que acabou com suas chances.
Tsonga pertence à lista daqueles que tiveram o azar de ter nascido na era do Big 4. Provavelmente, teria feito mais do que uma final de Grand Slam ou somaria outros Masters 1000 aos dois que ganhou, já que sempre se mostrou competitivo em todos os pisos. Não por acaso, integra o grupo dos raros que ganharam de Federer, Nadal e Djokovic enquanto líderes do ranking e em torneios de Slam.
Sempre foi um dos meus tenistas prediletos, principalmente quando se dispunha a abusar do jogo de rede, onde sempre deu show. Entre suas atuações emblemáticas, estão a semi de Melbourne contra Nadal e as quartas de Wimbledon frente a Federer. Mas o corpo grande e pesado lhe custava todo tipo de contusões e isso se agravou ao longo da carreira, com paradas cada vez mais frequentes e longas.
Número 5 do ranking por 12 semanas o levou à condição de maior destaque do tênis francês das últimas duas décadas, período em que ganhou 18 torneios e integrou o time campeão da Copa Davis que resgatou a memória dos Quatro Mosqueteiros.
A comemoração entusiasmada nas vitórias e a semelhança com Muhammad Ali o deixaram ainda mais icônico. Tsonga, tal qual Juan Martin del Potro, fará muito falta ao circuito pela competência, dedicação, carisma e comportamento digno, qualidades que cada dia mais são relevantes neste planeta.
Presente de grego – Stefanos Tsitsipas ganhou o lado mais fácil da chave, mas todo mundo sabia que a estreia seria perigosa. Outra vez, Lorenzo Musetti esteve 2 sets à frente e não levou em Paris por absoluta falta de físico. Isso precisa ser revisto. A parte boa foi ver que Stef não perdeu a cabeça.
Russo em pé de guerra – Tal qual ocorreu com Djokovic, Andrey Rublev está procurando uma desclassificação e vai achar. Descontou raiva na bola e ela passou a centímetros da cabeça de um auxiliar de quadra. Depois se controlou e venceu Soonwoo Kwon. O outro russo. o cabeça 2 Daniil Medvedev, mostra aquele forehand pouco convincente para o saibro mas o contundido Facundo Bagnis não fez mais do que seis games e duas quebras de saque.
Nórdicos avançam – Além de Casper Ruud e sua suadíssima vitória sobre Tsonga, o tênis nórdico avançou com Holger Rune, Emil Ruusuvuori e Mikael Ymer. Nada mal. Destaque absoluto para o garoto Rune, que acabou de fazer 19 anos e ganhar Munique. que não deu chance a Denis Shapovalov e pega o suíço Henri Laaksonen.
Festa francesa – A torcida foi demais, tanto na homenagem a Tsonga como no apoio a Gilles Simon e Hugo Gaston, que fizeram milagres para virar o quinto set. Despedindo-se do torneio, o veterano Simon ganhou os últimos quatro games para surpreender Pablo Carreño. Já o canhoto Gaston, rei das deixadinhas, perdia o set final por 0/3 e levou no supertiebreak diante de Alex de Minaur. O não menos veterano Richard Gasquet atropelou, mas Paire, Mannarino, Pouille, Humbert, Rinderknech e Bonzi deram adeus. No feminino, Cornet e Garcia não perderam set.
Badosa e Halep acordam – Enfim, a espanhola Paula Badosa jogou o que se espera dela sobre o saibro e só perdeu dois games da convidada Fiona Ferro. Tomara que embale. Simona Halep levou um susto com a canhota poderosa da juvenil alemã Nastasja Schunk, mas se achou no terceiro set. Mostrou um tênis mais agressivo, porém o saque precisa melhorar.
Americanas seguem – As quatro americanas que figuram como cabeças de chave no feminino estrearam bem. Danielle Collins, Jessica Pegula e Madison Keys se juntaram a Amanda Anisimova. Curiosidade foram os 9 match-points evitados por Qiang Wang antes de enfim Pegula concluir.
Duplas brasileiras – Rafael Matos ganhou seu primeiro jogo de Grand Slam, sinal do bom momento ao lado do espanhol David Hernandez. Já Marcelo Melo, finalista em Lyon no sábado, entrosou bem com o argentino Maximo Gonzalez e vai encarar agora o incansável Feliciano López que joga com Maxime Cressy;