A tempestade provocada pelo preocupante atraso de jogos em Wimbledon parece ter passado. A menos que o mau tempo seja insuperável nos próximos dois dias, o torneio está salvo até as oitavas de final começarem. E, convenhamos, é a partir daí que qualquer Grand Slam esquenta para valer.
A sorte foi grande. Nomes importantes que estavam com grande atraso na programação completaram nesta quinta-feira seus jogos de estreia ou de segunda rodada sem esforço monumental. Casos de John Isner, que ainda estreava, ou de Kei Nishikori, Milos Raonic, Richard Gasquet, Marin Cilic e Bernard Tomic. Todos terão de estar novamente em quadra hoje para partidas muito mais difíceis.
Ainda assim é duro. Imaginem que, se Isner, Gasquet ou Jiri Vesely vencerem, terão de jogar de novo no sábado para tentar a vaga nas oitavas. Por enquanto, ninguém reclamou demais. Claro que entre os perdedores houve queixa, como Gilles Simon, que prometeu até processar o árbitro por ser forçado a jogar numa quadra que considerava lisa demais.
Para os britânicos, o que importa é que Andy Murray deu show, está na terceira rodada sem grande desgaste e terá o descanso normal para exercer no sábado seu amplo favoritismo diante de John Millman. Foi mesmo uma ótima atuação de Murray. Depois de sair atrás por 1/3, encurralou Yen Hsun-Lu e despachou todo seu rico arsenal: voleio cruzadinho, deixadas perfeitas, passadas na corrida, aces. E uma enorme vontade de correr atrás das bolas mais difíceis.
A grande surpresa ficou para Jiri Vesely, aquele que derrotou Novak Djokovic em Monte Carlo. Canhoto de golpes muito potentes, fez um duelo cheio de belos lances contra o então favorito Dominic Thiem, em partida de apenas uma quebra de serviço para cada lado e três tiebreaks sucessivos. Não à toa, Vesely ganhou o jogo com apenas três pontos a mais que o adversário (126 a 123). Aos 22 anos, o tcheco não é comumente citado entre os grandes potenciais da nova geração, mas já foi 35º do ranking e agora está bem perto de uma inédita presença em oitavas de Slam.
Na parte de cima, que deveria ter jogado ontem, valeu ver Grigor Dimitrov mais confiante e usando golpes bem apropriados para a grama, assim como preocuparam os altos e baixos de Kei Nishikori, que não se sente à vontade no piso natural do tênis. Todos estão no setor de Federer, e o suíço agradece. Raonic voltou a ter um primeiro set apertado e não empolgou em suas duas primeiras exibições.
Adiós, Garbiñe
Chacoalhada grande mesmo viveu a chave feminina, com a queda tão precoce de Garbiñe Muguruza. A campeã de Roland Garros e finalista de Wimbledon jogou muito mal, abrindo um buraco interessante que pode beneficiar Venus Williams, Lucie Safarova ou Sabine Lisicki.
Com problemas no punho – mais uma -, Belinda Bencic nem completou a segunda partida. A nota positiva cabe a Eugénie Bouchard, que passou por dois desafios e vai encarar Dominica Cibulkova. Quem ganhar, deve pegar Aga Radwanska, que bateu na trave e sofreu até 9/7 no terceiro set.
Sexta-feira
– Dois campeões de Slam não se cruzavam na segunda rodada de Wimbledon há oito anos. Daí os organizadores promoveram Wawrinka x Del Potro para abrir a Central e deslocaram Djokovic x Querrey para a Quadra 1.
– Nole tentará a 31ª vitória seguida de Slam, o que igualará o feito de Rod Laver na década de 60. Querrey ganhou 1 dos 9 duelos contra o sérvio, em Paris-Bercy de 2012.
– Federer fecha a Central contra outro britânico, Danel Evans, 91º do mundo. Nos últimos 47 Slam que disputou, o suíço só perdeu duas vezes antes das oitavas de final (Wimbledon-2013 e Austrália-2015).
– Olhos abertos, Nishikori, com esse Kuznetsov. O russo de 25 anos, campeão juvenil de Wimbledon em 2009, foi oitavas na Austrália e vem de vitórias sobre Cuevas e Muller.
– Kyrgios e Brown entram em quadra às 7h, mas quem puder deve tentar assistir. Dois jogadores habilitados para acrobacias, muito agressivos, adoram divertir o público. Aos 31 anos e 85º do ranking, Brown sequer tem treinador atualmente.