Para sua própria surpresa, Daniil Medvedev jogou tão bem, mas tão bem que deixou Miomir Kecmanovic no chinelo e colocou dúvida sobre aqueles que não o acham capaz de conquistar um grande título no saibro. Pode ter sido apenas um daqueles dias em que tudo dá certo e o russo, de forma humilde e esperta, prefere continuar fora dos holofotes.
Medvedev deslocou-se com maestria pela quadra, mesclou muito bem ataque e defesa, fez até mesmo o forehand andar muito e está de novo nas oitavas de final de Roland Garros. Para repetir a campanha de 2021, precisará superar Marin Cilic, que já fez quartas também, e por duas vezes, em 2017 e 2018.
Questionado se está mesmo muito à vontade no piso, Medvedev diz que ainda não se acha um saibrista autêntico, mas admite que não esperava ter atingido este nível porque fez apenas um jogo preparatório em Genebra, onde perdeu de Richard Gasquet. Sua felicidade é ainda maior porque sente o físico em dia e nenhuma dor após a cirurgia da hérnia.
Seu setor prevê Andrey Rublev ou Jannik Sinner em caso de chegar nas quartas. O compatriota fez seu terceiro jogo em quatro sets na semana e escapou por milagre de disputar uma perigosa quinta série porque Cristian Garin errou um voleio absurdamente fácil no finalzinho do tiebreak. O chileno foi um teste para a solidez e a cabeça de Rublev e talvez tivesse ido mais longe se colocasse versatilidade no seu estilo.
O italiano fez 3 a 0 enganosos contra Mackenzie McDonald. Com um tênis agressivo, o norte-americano teve 11 chances de ganhar o segundo set a partir de 5/3, no melhor momento técnico da partida. Tanto Sinner como Rublev foram quartas de Roland Garros em 2020 e o italiano tem favoritismo teórico por ter vencido os dois duelos no saibro entre eles.
Não menos promissor é o primeiro encontro entre Stefanos Tsitsipas e Holger Rune. Como se esperava, o atual vice fez enfim um jogo rápido e sem sustos contra Mikael Ymer, porém terá agora um garotão de golpes muito pesados, pernas velozes e saque respeitável. O dinamarquês de 19 anos, em seu terceiro Slam e primeiro Roland Garros, encarou com maturidade entrar na Chatrier para encarar a última esperança da casa e poderia ter vencido ainda com maior facilidade o habilidoso Hugo Gaston.
Casper Ruud enfim chega à quarta rodada do Slam onde mais se espera que ele construa um bom currículo. Teve tremendos altos e baixos contra Lorenzo Sonego e chegou a estar 2 sets a 1 atrás, mas sua firmeza e confiança na reta final compensaram as falhas. Terá pela frente um surpreendente Hubert Hurkacz, que não perdeu set até agora e mostrou como funciona bem seu jogo forçado também no saibro ao tirar David Goffin. Os dois nunca se enfrentaram e eu não apostaria contra o polonês.
Até Iga tem dias ruins
E por falar em tênis da Polônia, Iga Swiatek deu mais um passo rumo ao esperado bicampeonato. Pela primeira vez nesta edição de Paris, não jogou seu máximo. Dominava a montenegrina Danka Kovinic quando de repente saiu de giro, passou a errar tudo e obviamente fez com que a adversária acreditasse mais. Ainda assim, não deixou ir para o terceiro set e atinge a 31º vitória consecutiva.
Enfrenta agora a chinesa Qiunwen Zheng, que ganhou todos os nove games disputados contra Alizé Cornet e viu a tenista da casa sair de quadra vaiada pela torcida. Chateada, a francesa explicou mais tarde que estava com problemas no adutor e nem deveria ter tentado jogar.
A rodada viu a queda de mais duas favoritas, Paula Badosa e Aryna Sabalenka, a espanhola novamente com problemas físicos e a bielorrussa numa derrocada incrível diante da italiana Camila Giorgi, com apenas um game vencido nos dois sets finais.
Destaque para a vitória de Madison Keys sobre Elena Rybakina em que a americana marcou notáveis 44 winners. Aliás, são cinco norte-americanas nas oitavas, com chance ainda que remota de Keys enfrentar Pegula numa semi. Do outro lado da chave, estão Coco Gauff, Amanda Anisimova e Sloane Stephens.