Pela segunda vez em sua complicadíssima trajetória no tênis profissional, Juan Martin del Potro decide um Grand Slam com uma meta muito difícil: barrar o Big 3 do tênis. A campanha de 2009 incluiu inesperadas vitórias sobre Rafael Nadal e Roger Federer. Caso queira repeti-la nove anos depois e quatro cirurgias depois, terá de repetir a façanha e superar Nadal e Novak Djokovic.
Pena que a batalha contra Rafa tenha tido apenas um set de verdade. O argentino tomou a liderança da partida entre a frustração de deixar escapar o saque no 5/4 e a postura dignamente ofensiva do tiebreak. Rafa ia atrás de todas as bolas, mas o fatídico joelho direito reclamou e ele capengou no segundo set até abandonar a quadra, repetindo cena do Australian Open de janeiro, então por culpa do quadril.
Em que pese a situação tão chata, é magnífico ver Delpo de novo lá no topo do tênis. Um eventual título no domingo o deixará até mesmo em condições de brigar pela liderança do ranking lá no finzinho da temporada, algo que imagino não ter cruzado sua cabeça ao longo do calvário. É sempre importante considerar que ele só começou a bater novamente o backhand com maior potência e constância há poucos meses, e ainda assim o golpe não é nem sombra do que foi.
Vencer Djokovic será mais uma daquelas tarefas impossíveis que Delpo se desafia a cumprir. O sérvio joga melhor a cada rodada, cheio de confiança e sem o fantasma da umidade a assombrá-lo. Dominou à perfeição Kei Nishikori do primeiro ao último game, com enorme volume de jogo, variações táticas e eficiência física. Não dá para chegar a sua quarta final nos últimos cinco torneios mais confiante. Desde a queda preocupante em Barcelona e Madri, ele venceu 33 de 37 partidas.
Os duelos entre Nole e Delpo começaram justamente em Nova York, lá na terceira rodada de 2007, quando ambos ainda estavam longe do estrelato, e já teve 18 capítulos. A superioridade de Nole é patente pelas 14 vitórias e por duas de suas derrotas terem acontecido ironicamente por abandono.
Jamais perdeu para o argentino em quatro jogos de Grand Slam, e dois no US Open. Depois daquela incrível partida de Del Potro nos Jogos do Rio, venceu três vezes. Fato curioso é que eles só se cruzaram uma vez em decisão de título, em Xangai de 2013, novamente com triunfo de Djokovic.
Nole joga por seu 14º troféu de Grand Slam, o que igualaria Pete Sampras, e pela chance concreta de vislumbrar novamente o número 1, já que o título o deixaria somente 1.035 pontos atrás de Nadal no ranking da temporada. Na classificação tradicional de 52 semanas, o título do US Open também vale o terceiro posto para Delpo ou Djokovic.
O tênis brasileiro ficou com o vice nas duplas, num dia ruim de Marcelo Melo e do polonês Lukasz Kubot e iluminado para o dueto de Mike Bryan e Jack Sock, que ganham seu segundo Slam consecutivo. Esse Mike é um monstro, capaz até mesmo de elevar a baixa estima de Sock e sua tenebrosa fase em simples.
Temos ainda Thiago Wild na semifinal juvenil. Sem imagens, difícil analisar o quanto o paranaense anda jogando na quadra dura, mas os placares e os adversários indicam que ele está muito bem adaptado. Nunca precisamos tanto de esperança.