Com três representantes em estágios completamente distintos mas todos jogando um tênis de primeira grandeza, o tênis espanhol é a sensação do momento sobre as quadras duras de Indian Wells. O ainda imbatível Rafael Nadal, a estrela ascendente Carlos Alcaraz numa transição perfeita do saibro e a atual campeã Paula Badosa de olho no número 2 estão batendo muito na bola e usando os mais variados recursos diante das difíceis condições do torneio.
Como se esperava, Rafa sofreu com o saque demolidor de Reilly Opelka, que está longe de ser ridículo da base. Faltou pouco para levar o número 4 ao terceiro set e faltou coragem na hora de obter a segunda quebra. O espanhol foi como sempre muito aplicado na parte tática, determinado a entrar nos pontos de qualquer jeito. Ele achou que fez seu melhor jogo da semana, mas seu segundo set foi bem menos brilhante.
Obviamente, sobrará motivação para o reencontro com Nick Kyrgios, que descansou diante do mal estar que forçou Jannik Sinner a abandonar o torneio. O australiano ganhou 3 dos 8 duelos e é mais perigoso do que Opelka por sua imprevisibilidade. Fato curioso e relevante, Nadal ganhou 8 dos 9 tiebreaks disputados, incluindo todos os 6 mais recentes.
Alcaraz e Gael Monfils só fizeram o esperado duelo de habilidades até o francês perder o saque no 6/5, depois de flertar com break-points em outros dois serviços. O garotão, ao contrário, foi consistente do começo ao fim, fez 18 de seus 22 winners de forehand, ganhou 87% dos pontos em que acertou o primeiro saque e fez deixadinhas desconcertantes e voleios oportunos. De novo, mostra maturidade muito acima de seus 18 anos e segue com um estilo muito agradável de se ver.
O campeão do Rio Open chega às quartas de um Masters 1000 pela primeira vez e é o mais jovem a ir tão longe no torneio desde o fenômeno Michael Chang 33 anos atrás. Com 11 vitórias em 12 jogos na temporada, Alcaraz enfrentará agora o detentor do título, o canhoto Cameron Norrie, a quem venceu com notável facilidade no US Open do ano passado. O britânico fez notáveis lances contra Jenson Brooksby e precisa de mais uma vitória para enfim realizar o sonho do top 10.
Paula Badosa ganhou logo seu segundo torneio do ano, ainda em Sydney, e deu a impressão que manteria o momento confiante de 2021, mas daí em diante não fez grandes exibições. Tinham-se então reservas sobre como iria encarar a pressão de defender o título de Indian Wells – ainda que o troféu tenha acontecido em outubro – e a espanhola de golpes tão pesados e agressivos está muito bem. Foi notável na vitória sobre Leylah Fernandez, principalmente na forma de atacar o serviço, e buscará a semi diante de Veronika Kudermetova.
E mais
- Dono de dois títulos na quadra dura neste ano, Rublev parece firme na busca do sonhado primeiro Masters, depois de dois vices no ano passado. Sua insistência em jogar duplas enfim rende um jogo de rede menos tímido. Tirou Hurkacz em sets duros e reencontra Dimitrov, semi de 2021 em Indian Wells. Duelo está 2-2.
- Kecmanovic é um sérvio a se ficar de olho. Orientado por Nalbandian, joga bem em todos os pisos e é muito gelado sob pressão. Ótima vitória sobre Berrettini e encontro agora com Fritz, semi em 2021 e que ganhou no sufoco de De Minaur. O americano venceu os dois jogos anteriores contra Kecmanovic, mas lá em 2019. Vale conferir.
- As primeiras quartas de final femininas foram decepcionantes porque Halep e Swiatek se mostraram absurdamente superiores a Martic e Keys. Enquanto a romena está muito veloz e solta em quadra, a jovem polonesa vem do título 1000 em Doha tendo como destaque o ataque nas devoluções.
- Halep tem 2 a 1 no histórico, com única derrota na campanha inesquecível de Iga rumo ao título de Roland Garros em 2020. Swiatek assume provisoriamente o número 2, mas pode ainda ser ultrapassada por Badosa ou Sakkari, que enfrentará Rybakina nesta quinta-feira.
- Zverev está na semi de duplas ao lado de Golubev e pode pegar Isner/Sock, que já tiraram Pavic/Mektic e Kokkinakis/Kyrgios. Rublev/Karatsev e Tsitsipas/Feliciano jogam quartas.
- A ITF enfim conseguiu acordo entre os quatro Slam e unificou a regra do tiebreak no 6/6 do quinto set. É o fim definitivo do set longo, que sobrevivia em Roland Garros.