Desta vez não foram os cinco sets e virada da duríssima estreia, mas disputar três tiebreaks consecutivos no saibro gera um desgaste no mínimo semelhante, principalmente no lado mental. Assim, o grego e atual vice-campeão Stefanos Tsitsipas inicia uma caminhada certamente muito mais dura do que a esperada neste Roland Garros.
Questionado se o maior adversário de momento é ele próprio ou quem está do outro lado da quadra, o número 4 do ranking não soube responder. Ele no entanto assinalou um fato inquestionável: enfrentou dois adversários de qualidade que não tinham nada a perder, e isso dificulta a vida de qualquer favorito.
O tcheco Zdenek Kolar, de 25 anos e 134º do mundo, precisou de 16 qualis para enfim entrar num Grand Slam. Na estreia, tirou o local Lucas Pouille em quatro sets bem disputados. Estava dominado por Tsitsipas até que o grego passou a fazer escolhas ruins na metade do segundo set e pouco a pouco ganhou confiança, passou a correr atrás de cada bola e achou boas soluções. O público cresceu junto com ele e aí o grego ficou contra a parede.
Faltou pouco para ir outra vez ao quinto set e sua movimentação assim como o backhand falharam em momentos importantes. É bem possível que consiga enfim um jogo mais relaxado contra o sueco Mikail Ymer, que não tem saque potente e nem é saibrista autêntico, ainda que tenha chegado na terceira rodada de Paris no ano passado. Isso será fundamental caso chegue nas oitavas para encarar o sólido Holger Rune ou o atrevido Hugo Gaston, dois jogadores que poderão exigir grande empenho físico.
Sarrafo vai subir – Daniil Medvedev, Casper Ruud e Hubert Hurkacz foram muito bem, Jannik Sinner e Andrey Rublev oscilaram. A terceira rodada promete dificuldade ainda maior a quase todos eles. O cabeça 2 tem o perigoso Miomir Kecmanovic, a principal barreira que o separa de repetir as quartas de 2021. Rublev de novo cedeu set e agora pega o especialista Cristian Garin, que parece recuperado. Ruud foi muito melhor do que na estreia diante de Tsonga e enfrenta o imprevisível Lorenzo Sonego. E Hurkacz reencontra o David Goffin que o tirou de Roma. A tarefa mais tranquila parece estar com Sinner, adversário de Mackenzie McDonald, mas o italiano não convenceu contra o mediano Roberto Carballes.
França sobrevive 1 – Com dois nomes, o tênis masculino francês ao menos atinge a terceira rodada. O veterano Gilles Simon continua a surpreender e, mesmo com bolha no dedo da mão direita, ganhou de novo em seu último Grand Slam, o que também valeu a vitória 500 da carreira. Será que aguenta Marin Cilic? O canhoto Hugo Gaston também agitou a torcida e agora desafia o parceiro de duplas Holger Rune. Muito duro.
França sobrevive 2 – Três gerações distintas representarão a França na terceira rodada feminina: a jovem Diana Parry, a surpresa Leolia Jeanjean e a experiente Alizé Cornet. Apenas 227 do ranking e aos 26 anos, Leolia atropelou Karolina Pliskova. Num jogo maluco, Cornet faz sua maior campanha no torneio desde que atingiu oitavas em 2017. Como apenas Parry está no outro lado da chave de Iga Swiatek, talvez tenha a maior chance.
Swiatek passeia em Paris – A diferença técnica entre Iga Swiatek e as adversárias só aumenta. Cedeu quatro games até agora no torneio, com direito a dois ‘pneus’. Não há perspectiva de mudança contra Danka Kovinic. Para completar. Simona Halep saiu do caminho das oitavas, ao levar virada e jogar um terceiro set tenebroso contra Qinwen Zheng. Ao melhor estilo Serena, Iga está jogando um tênis no padrão masculino, com golpes muito velozes e profundos e sobra de pernas. Resta ver se Paula Badosa ou Aryna Sabalenka serão competitivas.
Pode isso, Arnaldo? – A romena Irina Begu flertou com a desclassificação. Inconformada com o ponto perdido, quase atingiu uma criança na plateia ao jogar a raquete no chão. Claro que não foi proposital, mas entende-se que descarregar frustração no equipamento e com isso colocar em risco qualquer outra pessoa na quadra é situação definitiva para desclassificação. Mas não aconteceu. A explicação do supervisor – não é o juiz, mas o supervisor quem desclassifica – está no fato de a ‘vítima’ ser efetivamente atingida e ainda sofrer algum tipo de sequela. Como no esdrúxulo caso de Jenson Brooksby em Miami, isso felizmente não aconteceu com a criança e assim Irina não apenas seguiu como venceu.
País das duplas avança – Grande celeiro de duplistas, o Brasil soma vitórias em Paris. Bia Haddad ganhou duas vezes nesta quinta, e a segunda delas ao lado do multicampeão Bruno Soares. Mesmo com zero entrosamento – mas o mineiro está acostumado aos parceiros canhotos -, tiraram os cabeças 1.
Quem também faz dobradinha é Rafael Matos, que já está nas oitavas de duplas masculinas com o espanhol David Hernandez e estreou firme nas mistas e, com a ucraniana Lyudmyla Kichenok, tirou os cabeças 7. O canhoto gaúcho tem enorme chance de ser tornar mais um a integrar o top 50.