Beatriz Haddad Maia está muito perto de apresentar a melhor versão de si mesma. Nesta sexta-feira, marcou virada espetacular em cima da número 3 do mundo, a mesma Maria Sakkari que acabou de ser vice em Indian Wells. Dominou amplamente os dois sets finais e, segundo suas próprias palavras, nem jogou o máximo que pode. Sinal claro que ainda há mais por vir, o que só nos deixa animados.
Esta foi a terceira vitória consecutiva de Bia em cima de uma adversária top 5 do ranking, somada à então quarta colocada Sloane Stephens (Acapulco-2019) e a que fez em cima da terceira do mundo Karolina Pliskova (Indian Wells-2021), depois de ter sofrido seis derrotas nas tentativas anteriores, duas delas para uma vice-líder (Halep e Kerber) e outra para uma 5 (Ostapenko). Ou seja, nos altos e baixos de sua carreira, a canhota de 25 anos está 3-3 diante de top 5, o que é bem expressivo.
Depois de longo período sem poder disputar torneios de primeira linha por conta de ficar quase zerada no ranking, Bia ganhou 10 de seus 16 jogos desse quilate em 2022, o que eleva seu currículo para 87 vitórias e 64 derrotas em eventos WTA ou Grand Slam, com saldo positivo também sobre a quadra dura, onde tem 49 triunfos e 38 quedas. Na categoria de torneios chamados agora de ‘1000’, como é o caso de Miami, sua eficiência é de 50% (19 em 38).
Provisoriamente, Bia sai do 62º posto e atinge o 57º, o que seria novo recorde pessoal, mas isso depende ainda de outras três concorrentes diretas. Se vencer no domingo Anhelina Kalinina, que tirou Madison Keys, concorrerá ao 52º. Se considerarmos apenas o ranking da temporada, ou seja, campanhas desde janeiro, Bia está em 41º, com 336 pontos.
Apesar de ela própria não ter considerado seu desempenho tão espetacular, há duas coisas importantes a se destacar na conduta de Bia diante da forte e já experiente Sakkari. A primeira foi a postura tática, aquela insistência de manter a bola profunda e no centro da quadra, evitando dar ângulos de contragolpe à grega. E ao mesmo tempo vem a outra qualidade, a emocional, porque conseguiu manter essa meta diante do vento e por 1h58. Raramente se apressou, jamais perdeu a paciência.
‘Fui forte mentalmente’, ressaltou ainda em quadra. Ah, mas não foi só hoje, menina. Você tem sido muito resiliente a cada um dos tantos recomeços que precisou fazer, e talvez a blindagem venha exatamente por isso. Mais do que nunca, o tão sonhado e merecido top 50 está logo ali.
E Iga chegou lá
Aconteceu certamente mais cedo do que o esperado, em função da aposentadoria surpreendente de Ashleigh Barty, porém me parece que era destino certo que Iga Swiatek chegaria à liderança do ranking em algum momento. Ainda aos 20 anos, na segunda-feira ela se tornará a primeira tenista de seu país, homem ou mulher, a pontuar a lista de simples, façanha que apenas Lukasz Kubot obteve para a Polônia em duplas.
Swiatek será a 28º diferente jogadora a pontuar a lista e a mais jovem desde a dinamarquesa Caroline Wozniacki, que era 216 dias mais jovem em 2010. Sua lista de triunfos ainda é pequena, porém nobre, já que reúne Roland Garros e três nível 1000 em pisos distintos, em Roma, Doha e Indian Wells, estes dois conquistados seguidamente e que lhe dá agora 12 jogos de invencibilidade.
É difícil avaliar o quão extenso será esse reinado. No entanto, é claro e evidente que Swiatek está empenhada em continuar evoluindo em todos os campos. Já ultrapassou a barreira das quadras duras e agora terá de encarar a nada fácil tarefa de superar a si mesma. O desafio apenas começou.
E mais
- Kyrgios teve atuações de gala contra Mannarino e Rublev e agora oferece revanche a Fognini, já que os dois se cruzaram só uma vez e foi exatamente na terceira rodada de Miami de 2018. Talento de sobra em quadra. Quem vencer, pega Carreño ou Sinner. Instável, o italiano salvou 3 match-points contra Ruusuvuori.
- Zverev é o único cabeça do seu setor que está na terceira rodada, com decepção maior para a má atuação de Dimitrov.
- Surpreendente vitória em dois sets e um tiebreak do ‘baixinho’ Gaston, 1,73m, diante do gigante Isner. Melhor para Norrie, que pega o canhoto francês e tem Ruud e Bublik no quadrante.
- Os irmãos Cerundolo ganharam dois jogos cada um. Francisco encara Monfils agora, Juan pode enfrentar em seguida.
- A chave feminina abre sua terceira rodada sem 19 das 32 cabeças de chave (3 foram por desistência), o que só aumenta a imprevisibilidade. Swiatek, Badosa e Jabeur são as únicas das oito principais favoritas ainda de pé.
- Entre as derrotadas, Sabalenka, Kontaveit, Svitolina, Raducanu e Fernandez, além de Sakkari. A britânica teve jogo nas mãos e de novo se rendeu ao nervosismo.
- Quem pode aproveitar essa debacle é Osaka, que fez dois jogos firmes e num deles tirou Kerber. Ela defende pontos e no momento é uma mera 92º. Um eventual título a recolocaria no top 30.