Quando parecia carta fora do baralho, o russo Daniil Medvedev reencontrou seu tênis. Ele chegou ao Masters de Paris com apenas três vitórias nos últimos oito jogos e, apesar da semi no US Open há dois meses, parecia desanimado, sem confiança e com físico incerto.
O piso coberto de Bercy se encaixou perfeitamente e na hora certa. Medvedev trabalhou bem o saque, ficou sólido lá na base e até mostrou mais atrevimento, com curtas e saque-voleio. Esse misto de armas, que incluiu devoluções agressivas, foi utilizado com maestria na final contra Alexander Zverev – fez até mais aces do que o alemão -, uma versatilidade que faltou por exemplo a Rafael Nadal na véspera.
Dono de golpes pouco ortodoxos mas eficientes, a reação do russo ajuda a dar mais sabor ao circuito e de certa forma embola o ATP Finals, que começa dentro de uma semana, na despedida da espetacular arena O2 londrina. É bem verdade que no ano passado ele chegou ao torneio estafado por um calendário esdrúxulo e não ganhou uma partida sequer. Desta vez, suas chances parecem interessantes.
É impossível tirar o favoritismo de Novak Djokovic, porém o sérvio não brilhou em Viena e sofreu duas derrotas humilhantes nos últimos torneios. Pode entrar mordido ou inseguro. Nadal optou por Paris e também não empolgou, com atuações irregulares e desconforto evidente na quadra dura coberta. O saque não foi seu aliado e o backhand falhou sob pressão.
O atual campeão Stefanos Tsitsipas e o vice Dominic Thiem sofrem problemas físicos. O grego parece um caso mais preocupante e existe certa dúvida se ele estará em condições de competir. O austríaco sofre de bolhas no pé e não se encontrou nos dois parcos torneios que disputou desde a conquista do US Open.
Zverev precisa ser olhado com atenção. Não apenas porque já ganhou o Finals, mas principalmente por ter mostrado clara evolução técnica e emocional na retomada do circuito pós-pandemia. Além de mostrar mais paciência no fundo de quadra e dar menos chiliques, se mostra veloz e explora o jogo de rede com voleios bem treinados.
Completam o grupo de classificados os estreantes Andrey Rublev e Diego Schwartzman, dois grandes destaques da temporada e que gostam de jogar na quadra dura. O jovem russo tem certamente mais poder de fogo que o argentino, porém sempre deixa dúvidas quanto à consistência emocional nos dias em que as coisas saem um pouco dos eixos.
Como todos sabem, o sorteio dos grupos é feito dois a dois. Thiem e Medvedev serão sorteados para o grupo do Djoko ou do Rafa, o mesmo acontecendo com Zverev e Tsitsipas e depois com Rublev e Schwartzman. Talvez Medvedev prefira fugir de Djoko e de Zverev e aí tanto faz os debutantes, já que ambos são ‘fregueses’.
Paris ajudou muito a deixar o Finals menos óbvio.