Que jogo incrível. Rafael Nadal abriu 2 sets a 0, com uma quebra na frente no terceiro set. Não conseguiu, De novo teve quebra logo no começo do quarto set. Vacilou. E num quinto set tenso, seguidas quebras, indefinição absoluta até o último ponto, o italiano Fabio Fognini conseguiu de novo e se tornou o primeiro homem a virar um jogo em cima do espanhol em torneios de Grand Slam depois de tamanha desvantagem. Com isso, Rafa terminará sua primeira temporada desde 2005 sem ao menos um troféu de Slam.
Importante dizer que Nadal teve dois momentos. Jogou bem perto da linha, foi agressivo nos dois primeiros sets, cortando espaços de Fognini e forçando erros, já que o italiano tinha de atacar sem estar em boa posição. Mas a partir da metade do terceiro set, tudo mudou. Ele recuou, passou a jogar bola para cima, que acabou ficando curta, e aí foi um festival de winners, verdadeiro ataque contra defesa. Típico de quem não está confiante.
Louve-se a exuberante atuação de Fognini, 70 winners, muitos espetaculares, abusando das paralelas e ousando ir à rede a qualquer oportunidade. Jamais perdeu a compostura, lutou bravamente num nível muito alto. Vai agora pegar Feliciano López e, se conseguir se recuperar fisica e mentalmente, pode muito bem ir longe ainda neste US Open.
Com emoção
Quem diria que os três melhores jogos do US Open até este começo de terceira rodada seriam da chave feminina? Pois é. Aqueles que ficaram acordados na madrugada de hoje certamente se encantaram com a reação de Petra Cetkovska em cima de Carol Wozniacki, jogo brigado ponto a ponto, cheio de bolas na linha e uma determinação assombrosa da tcheca de 30 anos. Nesta sexta-feira, Eugénie Bouchard ganhou um jogo duríssimo em que a guerreira Dominika Cibulkova exigiu máximo esforço e muita coragem da canadense, que parece enfim ter recuperado sua qualidade.
E à noite, Serena Williams ficou nas cordas contra a amiga Bethanie Mattek-Sands. A carnavalesca americana jogou para a frente, fez Serena correr riscos, executou voleios incríveis com sua competência de grande duplista. Foi apertadíssimo, e tive real impressão que Williams não iria conter a ansiedade e o nervosismo, games tensos e força exagerada. Enfim, ela conseguiu fechar o set e empatar a partida, e só então despejou seu domínio de número 1. Há evidente tensão em cada passo que Serena dá rumo ao Grand Slam, e pode ficar ainda melhor contra a ousada Madison Keys no sábado.
Emocionante, apesar dos dois sets mais rápidos, foi também a vitória inquestionável de Venus Williams sobre Belinda Bencic, quase metade da idade. Saque preciso, paciência, bolas anguladas, enorme disposição e garra mostraram talvez o melhor de Venus nos últimos anos. Cheguei a pensar que seria uma missão impossível, já que Bencic vive um momento excepcional e vinha de um triunfo difícil mas de fibra na rodada anterior.
No masculino, Novak Djokovic teve enfim uma partida mais exigente, porém a distância técnica e física sobre Andreas Seppi é enorme e o italiano não tem armas para incomodar. O sérvio só titubeou mesmo na hora de fechar e quase teve dois serviços seguidos quebrados. Nada no entanto que possa incomodar para o duelo contra Roberto Bautista, que deve seguir mesmíssimo caminho.
O campeão Marin Cilic é outro que sofre com a pressão de defender o título e de sua temporada cheia de problemas. Sobreviveu ao jogo de base muito bom de Mikhail Kukushkin e escapou de enfrentar David Ferrer, que pagou o preço da falta de ritmo e perdeu para Jeremy Chardy. Por falar em franceses, Jo-Wilfried Tsonga duela com Benoit Paire, que é até aqui a principal surpresa da chave masculina, tendo tirado Kei Nishikori em jogo que parecia perdido e agora dominado Tommy Robredo. E, incrível, sempre com a cabeça no lugar.