Duas semanas antes de completar seus 19 anos, Carlos Alcaraz realizará mais um sonho na sua curtíssima carreira e já atingirá o top 10 do ranking nesta segunda-feira, qualquer que sejam seus resultados em Barcelona daqui em diante. Como já disse outras vezes, esse garoto é muito mais do que um vencedor. Ele dá show, encanta a torcida e arranca elogios dos adversários e analistas. Por isso é mais do que bem vindo à elite do tênis masculino.
Sua atuação contra Stefanos Tsitsipas nesta noite foi exuberante. Não fosse a perigosa descontração quando sacava já com 4/1 no segundo set, e ele teria humilhado o número 5 do mundo, que outra vez teve comportamento nada compatível com a qualidade do seu jogo. Quase acertou bolada no espanhol no último ponto do primeiro set e levou correta advertência e punição pela longa ida ao vestiário quando perdia por 0/3 no set decisivo. Teve a desfaçatez de dizer que desconhecia a regra, enquanto o inconformado pai Apostolos era contido no box.
Alcaraz terminou o jogo com um placar cruel na estatística: 41 winners diante de 15. Foi quem tomou a iniciativa o tempo todo, com golpes de base agressivos mesclados com a delicadeza das deixadinhas. Nem se pode dizer que Tsitsipas tenha atuado muito abaixo do seu nível, mas era evidente sua dificuldade com a devolução e a profundidade dos golpes que vinham do outro lado. Ainda assim, lutou muito e conseguiu uma reação incrível no segundo set, ajudado por um excesso de confiança do adversário, que se empolgou com o domínio tão avassalador. Boa lição a se memorizar.
O sábado será muito especial – outra vez – para o tênis da casa. Enquanto Alcaraz enfrentará como claro favorito o australiano Alex de Minaur, que fez duas ótimas partidas nesta quinta-feira, Pablo Carreño sobreviveu a quase seis horas de esforço e reencontrará Diego Schwartzman, a quem venceu de virada nas quartas do ano passado em Barcelona.
Djokovic tenta novo progresso
Com um dia importante de descanso e certamente muito mais confiante após duas viradas seguidas, Novak Djokovic abre as semifinais de Belgrado na tentativa de marcar sua sexta vitória em sete confrontos diante do russo Karen Khachanov. Os dois se cruzaram apenas uma vez no saibro e foi fácil para Nole.
O número 1 outra vez se viu sob pressão, com um set e uma quebra atrás de Miomir Kecmanovic, mas é inegável que ele jogou muito melhor do que diante de Laslo Djere. Apesar do esforço de 3h21 da véspera, se mostrou fisicamente inteiro, sem falar que atuou de forma bem mais agressiva.
Khachanov me surpreendeu em vários aspectos na vitória em dois sets apertados contra Thiago Monteiro. Mexeu-se muito bem, variou com deixadinhas e teve paciência para abrir buracos, explorando é claro o backhand do brasileiro sempre que possível.
A outra semi promete muito. Fabio Fognini tem 5 a 4 sobre Andrey Rublev e 2 a 1 sobre o saibro. O italiano precisa demais de um bom resultado, já que não faz uma final desde o título espetacular em Monte Carlo de 2019. O russo por sua vez ganhou as duas decisões que fez nesta temporada e soma quatro finais sobre o saibro na carreira, com dois títulos.
Ninguém segura Iga
A polonesa Iga Swiatek mudou de piso, mas continua infalível. É bem verdade que o saibro coberto de Stuttgart deixa as condições mais velozes e ajuda na adaptação.
Agora já são 21 vitórias seguidas desde Dubai, em fevereiro, e olha que ela teve match-point nessa derrota de oitavas de final para Jelena Ostapenko. De quebra, ganhou os últimos 26 sets disputados.
Emma Raducanu até que deu trabalho sobre o saibro, seu pior piso, e isso é um bom sinal para a jovem britânica. Teve duas chances de tirar o serviço de Swiatek e de empatar o segundo set.
A número 1 será favorita diante de Liudmula Samsonova e seria bem interessante ver uma final diante de Paula Badosa, que me parece a saibrista com maiores condições de encarar a polonesa nesta temporada de terra batida.