Para muitos, é a tão famosa ‘final antecipada’. Acho que nem tanto. De qualquer forma, o aguardadíssimo duelo entre Dominic Thiem e Daniil Medvedev por vaga na final do US Open promete uma noite de desmedida pancadaria na sexta-feira, ao melhor estilo MMA. É algo para cinco sets, alguns tiebreaks, o que seria ainda mais interessante.
Como era esperado, Thiem encontrou pouca dificuldade para superar o australiano Alex de Minaur, que usou todas as armas que podia, incluindo subidas incansáveis à rede, mas para equilibrar seria necessário que o cabeça 2 não estivesse tão afiado. Qual nada. Thiem disparou seus golpes pesadíssimos mesclados com uso muito frequente e acertado de slices e ficou atento às passadas. Ainda perdeu duas vezes o serviço por afobações e o terceiro set chegou a ficar duro no 4/4, porém o volume de jogo dos dois é muito diferente: 43 dos seus 95 pontos foram winners. De Minaur marcou apenas 17.
À tarde, Medvedev prevaleceu de novo no duelo russo diante do amigo Andrey Rublev. A vitória o manteve invicto em sets no torneio, porém foi bem mais exigente. O primeiro set sem break-point chegou ao tiebreak e aí Rublev abriu 5-1 e depois 6-3 com saque. Não ganhou mais pontos, ficou irritadíssimo com razão. Medvedev obteve a única quebra da partida no segundo set e precisou ir a outro tiebreak, que chegou a perigosos 5-5. Foi quem mais forçou o jogo – 51 winners e 37 erros – e por isso mereceu.
O histórico entre Thiem e Medvedev é curto. O austríaco ganhou duas vezes, na quadra dura de St. Petersburgo em 2018, único jogo equilibrado e no terceiro set. Em seguida, levou a melhor na final de Barcelona de 2019, aí por 6/4 e 6/0. Pouco depois, o russo venceu facilmente nas quartas do Canadá, 6/3 e 6/1.
Será curioso ver os dois jogando bem atrás da linha de base, apostando na força física. Thiem ganhou muita confiança no backhand na paralela, geralmente seguido de um slice bem cruzado, e essa poderá ser a opção tática determinante. Se eu fosse apostar, seria nele.
Primeiro grande momento: Serena x Azarenka
Deu a lógica no complemento das quartas femininas, mas em situações muito diferentes. Serena Williams teve grande trabalho para superar Tsvetana Pironkova, que venceu o primeiro set e abriu o seguinte com quebra, enquanto Victoria Azarenka atropelou uma irreconhecível Elise Mertens. Quem vencer, tentará se juntar às três únicas mães que já venceram um Slam na Era Aberta: Margaret Court, Evonne Goolagong e Kim Clijsters. Elas fazem a segunda semifinal desta quinta-feira, por volta de 21h30, logo depois de Naomi Osaka-Jennifer Brady.
Serena foi amplamente dominada no início por Pironkova, que sacou bem, se mexeu muito no fundo e usou variações com slice de forehand. Deu uma única brecha e aí Serena reagiu e começou a jogar bem melhor. Quando ganha confiança, é difícil aguentar seu ritmo. Terminou com 20 aces, sete voleios perfeitos e 18 winners da base. E mesmo tendo feito 2h28 no jogo anterior e mais 2h12 nesta quarta, não pareceu cansada.
Os números de Williams são colossais. Chega à 39ª semi de Slam, onde soma 33 vitórias, e tentará a 11ª final no US Open, a terceira consecutiva. Sua primeira, que já terminou em título, aconteceu há 21 anos! Hexampeã, atinge agora 106 vitórias em Flushing Meadows e 101 na Arthur Ashe. Isso tudo faltando 17 dias para completar o 39º aniversário.
Vika por sua vez disputará a primeira semi de Slam desde o vice de 2013 no mesmo US Open. Foi a segunda final consecutiva que perdeu lá, e adivinhem quem impediu seus títulos. Depois de um susto nas oitavas de final de segunda-feira, voltou a praticar um tênis extremamente sólido e com enorme apuro tático. Ainda ajudou muito o dia ruim de Mertens, que chegou às quartas sem perder set mas jogou pouco com o primeiro saque e virou presa fácil.
Para atingir a oitava semi de Slam da carreira (retrospecto é de quatro vitórias), Azarenka somou a 10ª vitória consecutiva, embalada desde o Premier de Cincinnati, que aconteceu excepcionalmente em Nova York. A confiança não poderia estar mais alta para o novo desafio.
Pelo retrospecto de 18 vitórias em 22 duelos, Serena poderia ter o favoritismo, mas o fato é que Azarenka vem jogando melhor nas últimas semanas e tem mostrado um forehand angulado que é uma arma poderosa diante da norte-americana. A última de Azarenka nos confrontos foi em 2016. No ano passado, se cruzaram em Indian Wells e o jogo foi duro.
Rankings se mexem
– Mesmo perdendo pontos, Djokovic chegará ao saibro europeu 1.010 pontos à frente de Nadal. Mas espanhol não tem como somar em Roma e Paris.
– Se for campeão, Thiem fará no máximo 9.125 pontos e terá chance de somar 800 em Paris, superando então Nadal. Sua presença em Roma é incerta.
– Medvedev poderá tirar Federer do quarto posto se ganhar o US Open, Zverev chegará a sexto no caso de título.
– Carreño já avançou nove postos (18º), pode ir a 11º ou até mesmo ao 8º, superando seu recorde pessoal.
– Osaka será quarta caso atinja a final e terceira com eventual título, mas ainda estaria quase 3.000 pontos atrás da líder Barty.
– O máximo que Serena pode recuperar é o quarto posto.
– Azarenka estava fora do top 50 antes de Cincinnati, agora já é 17ª. O troféu lhe dará o 11º.
– De 41, Brady salta para 25 e brigará pelo 17º se tirar Osaka.
– Nas quartas em challenger francês, Wild não conseguirá chegar ao top 100 mesmo se levantar o troféu, mas tem chance de ir a 102.