Apesar de ter dois títulos no Principado, é bem verdade que o saibro lento de Monte Carlo nunca foi o melhor dos mundos para Novak Djokovic. Ainda assim, o retorno do número 1 do mundo ao circuito foi uma tremenda decepção. Errou demais, teve postura defensiva, safou-se de um placar vexatório e por fim desabou fisicamente no terceiro set, algo inimaginável em outros tempos. Foi definitivamente uma versão ‘fake’ do homem que dominou o tênis em 2021.
Não chega a ser surpresa que Djokovic tenha dificuldade em achar ritmo e jogar com confiança diante do calendário irrisório que fez até agora, limitado a três jogos em Dubai. Também existe a pressão, tanto pelo ranking que ocupa como para mostrar que sua decisão de não tomar a vacina e automaticamente se ver afastado dos grandes torneios do primeiro trimestre não o afetariam. O preço continua alto.
Alejandro Fokina sabia que era a chance de sua vida e mergulhou na partida de corpo e alma. Ousou mais, correu muito, se jogou nas bolas e poderia ter saído com uma vitória acachapante, quando sacou com vantagem de 6/3 e 4/2. O vento atrapalhava demais e foi um ingrediente a exigir foco o tempo todo, daí outro ponto de destaque na atuação do espanhol, que no ano passado fez quartas em Mônaco tendo vencido Matteo Berrettini.
Nole raramente se sentiu à vontade, mesmo vencendo a duras pernas o segundo set. Saiu de quadra com 51 erros, 25 deles de forehand, e viu o espanhol arriscar mais (37 a 27 nos winners). Chegou também a hora dos recordes negativos: foi o jogo de três sets em que Djoko mais perdeu serviços na carreira (nove vezes) e vive seu pior desempenho em ATP nos quatro primeiros meses de uma temporada desde 2005.
Djokovic reconheceu a falta de pernas no terceiro set, mas tentou se manter positivo, ao lembrar que tem sido normal nos últimos anos um começo fraco no saibro europeu. Para sua sorte, vai jogar em Belgrado na próxima semana e terá enfim a chance de emendar vitórias, reerguer um troféu e sentir alívio. Haverá então uma semana de descanso para a sequência Madri-Roma. Portanto, existe tempo de sobra para reagir. Só precisa melhorar. Em tudo.
E mais
- Apesar da derrota, Djoko aumentará a vantagem para Medvedev no ranking de 10 para 100 pontos. A próxima chance do russo será em Madri, onde o sérvio defende 500 pontos ainda do torneio de 2019.
- Nadal está definitivamente fora de Barcelona, adiando expectativa de retorno para Madri, que acontece dentro de duas semanas.
- Tsitsipas começou muito bem a defesa do título e atropelou Fognini, o campeão de 2019. O italiano fez 6 winners e cometeu 34 erros numa atuação lastimável. Sairá do top 50 pela primeira vez desde 2012.
- Outro que está num momento terrível é Benoit Paire. Ele sofreu a nona derrota consecutiva em estreias.
- Dimitrov ao contrário superou a dificuldade do saibro lento e virou o jogo contra Lajovic depois de estar um set e uma quebra abaixo.
- Apesar das duas derrotas no seu retorno, Wawrinka diz que não está chateado e que espera um progresso lento,
- Alcaraz estreia às 6h desta quarta-feira contra Korda e fará sua primeira aparição em Monte Carlo. Nesse período do ano passado, ele era 133 do ranking e se dividia entre challengers e convites nos ATPs.
- Apesar de sua extraordinária semana em Bogotá, em que saiu do quali e chegou na final de seu primeiro WTA 250, Laura Pigossi não conseguiu vaga direta para Roland Garros. O vice lhe garantiu um ótimo 126º posto e isso ao menos lhe dará chance de entrar de cabeça de chave no quali para Paris. De todos os brasileiros, apenas Bia Haddad entrou direto no Slam francês.
- O Brasil de Pigossi, Bia, Carol, Cé e Rebeca inicia hoje a disputa do zonal americano da BJK Cup. A estreia deve ser fácil contra a Guatemala, depois vem a desfalcada Colômbia e a definição da vaga promete acontecer diante da Argentina. Os jogos são no piso duro de Salinas, no Equador.