Com a indefinição até este momento do que vai acontecer com Novak Djokovic, analisar a chave de Indian Wells é quase um chute no escuro. O sérvio, apesar das regras ainda restritivas de entrada nos EUA para não vacinados, manteve inscrição e não houve saída para os organizadores. Ele entrou como cabeça 2.
Pela falta absoluta de informação até mesmo na imprensa sérvia, imagino que Djokovic esteja buscando uma forma de participar, talvez novamente no uso de brechas jurídicas. Como os cabeças de chave só estreiam no fim de semana, ele tem ainda tempo, mesmo que curto, para viajar e entrar em quadra.
Sua vontade de jogar deve ter crescido com o sorteio, já que o primeiro adversário sai de Jordan Thompson ou David Goffin. Podem vir na sequência Alexander Bublik e John Isner, super-sacadores que não dão ritmo, ou Diego Schwartzman, um adversário bem mais perfeito para encorpar os golpes e que nunca o venceu em seis tentativas. Andrey Rublev é o candidato natural às quartas.
Alexander Zverev caiu no lado inferior da chave e portanto menos mal para o torneio caso Djokovic não entre, porque esse seria o setor natural do alemão no caso de ser cabeça 2. Seus prováveis adversários no entanto são mais duros. Grigor Dimitrov ou Tommy Paul na estreia, Alex de Minaur em seguida e então Pablo Carreño ou Taylor Fritz, bem mais perigosos num lugar em que a bola anda muito. As quartas podem ter Matteo Berrettini ou Felix Aliassime, sem se descartar Marin Cilic e até Lloyd Harris, apesar de o sul-africano ter perdido embalo. Sempre importante ter em mente que não é fácil jogar no clima muito seco da região, que quase não impõe resistência e faz a bola ‘voar’, dificultando o controle.
Do outro lado, já fica a expectativa pelo reencontro de Daniil Medvedev e Rafael Nadal. O cabeça 1 precisa atingir quartas para não ceder a liderança a Djokovic e essa tarefa exigiria vencer a princípio Gael Monfils e nas oitavas Carlos Alcaraz ou Roberto Bautista. Nada fácil. Quem sair do grupo de Stefanos Tsitsipas, Karen Khachanov e o atual campeão Cameron Norrie deve buscar a outra vaga nas quartas desse setor.
Imbatível na temporada até agora, Rafa tem oponentes de diferentes recursos pela frente: Sebastian Korda, Daniel Evans e nas oitavas Reilly Opelka ou Denis Shapovalov. Se obtiver sucesso, seria certamente favorito frente a Jannik Sinner ou Casper Ruud. O canhoto espanhol em três títulos no deserto californiano, porém o último deles em 2013.
De olho em Halep e Kontaveit
Mais uma vez, a chave feminina está completamente aberta e isso se deve também à ausênia de Ashleigh Barty. E logo de cara Barbora Krejcikova, que havia herdado a cabeça 1, sentiu contusão e desistiu. Assim, acredito que tenha se aberto uma ótima brecha para Simona Halep ir bem longe.
Pode ter jogo perigoso contra Coco Gauff já nas oitavas, mas me parece muito mais segura em todo seu setor. Aliás, ali ficaram dois nomes a se ficar de olho: Emma Raducanu e Karolina Pliskova, que podem se cruzar na terceira rodada. A campeã do US Open no entanto estreia contra Dayana Yastremska ou Caroline Garcia, o que pode ser uma motivação ou o fim.
O segundo quadrante promete, desde que Iga Swiatek e Clara Tauson confirmem o jovem duelo de oitavas. A concorrente no outro quadrante certamente não vem confiante: Elina Svitolina, Garbiñe Muguruza, Belinda Bencic ou Madison Keys. Então a motivação deve ser enorme para as meninas.
Sabalenka-Azarenka e Sakkari-Jabeur são melhores apostas no último quadrante. A atual campeã Paula Badosa tem no caminho Leylah Fernandez ou Jelena Ostapenko nas oitavas, um desafio e tanto. Anett Kontaveit reagiu à campanha frustrante no Australian Open e vem de duas finais seguidas, com sucessão de ótimas vitórias, e me parece fortíssima candidata à semi. O fato curioso e relevante é que Naomi Osaka está solta na chave e pode muito bem complicar a vida de Kontaveit na terceira rodada.
Bia em quadra
Beatriz Haddad Maia já estreia nesta madrugada diante da experiente Sofia Kenin, que no entanto retornou às quadras em janeiro e só ganhou dois jogos na primeira semana, tendo então colecionado quatro primeiras rodadas. Portanto, é uma chance para a canhota brasileira explorar essa confiança em baixa. Mas a chave de Bia é muito dura. Se vencer, encara Tauson e depois ainda teria Swiatek.
Aliás nas duplas também não deu sorte, tendo de estrear contra as campeãs do US Open-2020 e, em caso de vitória, pegariam as vencedoras do US Open-2021.