O pior dos quadros previstos se concretizou. Roland Garros de 2022 não poderá ver uma batalha final entre Novak Djokovic, Rafael Nadal ou Carlos Alcaraz porque apenas um deles poderá atingir a decisão ao caírem no mesmo lado superior da chave.
Assim, logo de início, já fica a expectativa pelo 10º duelo entre o sérvio e o canhoto espanhol no saibro parisiense, um histórico que tem sete vitórias de Nadal. Seis delas aconteceram antes das quartas de 2015, quando enfim Nole quebrou o tabu. Rafa se vingaria com vitória acachapante na final de 2020, mas levou virada na semi do ano passado e então Djokovic se tornou o único a ganhar duas vezes dele em Roland Garros.
A primeira pergunta é: qual a chance desse encontro não acontecer? Vale lembrar que isso era esperado tanto em Madri como em Roma, mas Carlos Alcaraz atrapalhou na Caixa Mágica e Rafa sucumbiu às dores no Foro Itálico.
Djoko não tem adversários até as oitavas e aí me parece difícil que Grigor Dimitrov ou Diego Schwartzman endureçam. Nadal pode ter velhos conhecidos no caminho, como Stan Wawrinka e Fabio Fognini, mas talvez só Felix Aliassime seja barreira mais relevante, logo ele que agora é treinado pelo tio Toni. Claro que tudo depende de Rafa estar totalmente recuperado e dosar energia. Portanto, eu diria que há prognóstico de pelo menos 75% de vermos o 59º duelo entre os dois maiores recordistas de Slam em atividade.
Há enorme expectativa pela atuação de Alcaraz e isso por si só já é algo a ser administrado pelo garotão. Ele pode ter revanche na terceira rodada com Sebastian Korda, que jogou muito na inesperada vitória de Monte Carlo, e seria bem curioso cruzar nas oitavas com Dominic Thiem. O austríaco teria de ganhar de Hugo Dellien e teoricamente de Karen Khachanov e Cameron Norrie. Nada impossível.
O alemão Alexander Zverev corre totalmente por fora nesse fortíssimo lado superior da chave e tem que tomar certos cuidados, já que pode enfrentar Dusan Lajovic ou Sebastian Baez, Alejandro Davidovich Fokina e depois John Isner ou Taylor Fritz antes das quartas contra Alcaraz. Jogar longe dos holofotes surge como ótimo handicap para ele nesta altura do campeonato.
A segunda metade da chave ficou obviamente menos vistosa e reforça a oportunidade de Stefanos Tsitsipas repetir a final do ano passado. A estreia contra Lorenzo Musetti requer toda a seriedade do mundo, mas daí em diante parece impossível evitar que enfrente Casper Ruud nas quartas, ainda que Alex de Minaur e Hubert Hurkacz tenham feito atuações muito decentes no saibro europeu.
O quarto semifinalista tende a ser uma novidade do nível Andrey Rublev ou Jannik Sinner, dois jogadores que já fizeram quartas em Paris há dois anos. Eles ficaram no mesmo quadrante e são de longe os mais cotados para duelar entre si na quinta rodada.
E aí podem jogar contra Pablo Carreño, outro quadrifinalista de 2020 e nome forte num setor que tem Daniil Medvedev, Marin Cilic e Miomir Kecmanovic. No ano passado, o Urso fez uma bela campanha e atingiu quartas num piso que não gosta, mas parece bem difícil repetir isso com só um jogo feito no saibro desde então. Já o sérvio é uma excelente aposta para quem gosta do inusitado. Aos 22 anos, ele já disputará seu quarto Roland Garros. Eu ficaria de olho.
A previsão do feminino deixo para o próximo texto, mas já adianto que gostei muito do sorteio para Bia Haddad Maia, que estreia contra uma qualificada e tem Garbiñe Muguruza em péssimo momento no caminho, podendo repetir a grande vitória de Wimbledon em 2019.