A terceira rodada de Roland Garros foi um duro teste para Novak Djokovic, não resta dúvida. E nem tanto no aspecto técnico-tático, mas para seus nervos e determinação. Vento, chuva, árbitro e um adversário lutador ao extremo. Fosse um jogo em três sets, Nole estaria eliminado. Mas cinco sets são um universo totalmente à parte, que ressalta ainda mais a experiência e o físico de cada um.
Diego Schwartzman fez um esforço enorme para se manter competitivo e aos poucos a intensidade foi caindo, caindo… Enquanto Nole manteve o padrão e deu a impressão que jogaria mais um set facilmente.
Quebrou raquete, reclamou, esbravejou mas acima de tudo queria ganhar. Terá de ficar preparado para outra batalha de paciência contra o canhoto Albert Ramos, sobre quem ganhou todos os nove sets disputados. O espanhol suou e usou a regularidade para calar a torcida por Lucas Pouille.
Aproxima-se o duelo de Djoko com Dominic Thiem e o austríaco vem embalado, nenhum set perdido e ainda um adversário veterano pela frente, o canhoto Horacio Zeballos, que se favoreceu do infortúnio de David Goffin. O belga se enrolou na lona, torceu o pé e saiu carregado da quadra ainda no décimo game. Outra cena triste para Roland Garros.
Enquanto isso, Rafa Nadal dá exibições. Fez sua mais fácil partida em toda a história do torneio, um único game perdido. Vá lá que Nikoloz Basilashvili não mostrou qualquer arma e ganhou mais pontos em erros do adversário do que por seus próprios méritos.
Rafa pode ter agora dois compatriotas antes da semi. Roberto Bautista é o próximo, um tenista regular e brigador, mas sem os grandes golpes necessários para superar a ‘parede’. Pablo Carreño viria em seguida. Ele anulou Grigor Dimitrov e tem chances diante de Milos Raonic, que mal jogou diante de Garcia-López. Para ser sincero, o saque do canadense me parece ser o único com capacidade de dar algum trabalho a Nadal neste momento de notável inspiração.
Na chave feminina, as únicas surpresas foram as dificuldades com que Sveta Kuznetsova e Kiki Mladenovic tiveram em suas partidas. A francesa ficou bem perto da derrota para Shelby Rogers. Drama atrás de drama.
Continuo achando que Kuznetsova é a maior candidata à vaga na final nesse lado da chave, apesar da presença de Garbine Muguruza e da deliciosa forma com que Venus Williams se diverte em quadra. Mantém o estilo superagressivo, faça chuva, faça sol, sob os olhares da irmã Serena.
Ranking alert
– A partir de agora, qualquer rodada a mais que Nadal alcance sobre Djokovic significa para o sérvio a perda do número 2. Wawrinka só entra na briga se chegar na semi.
– Apesar da decepcionante derrota, Zverev tem tudo para se manter no top 10. Risco apenas se Monfils for à final ou um campeão muito inesperado, como Carreño ou Bautista.
– Bellucci pode sair como 56º; Rogerinho, de 71º; e Monteiro, 94º.
– Mais uma vitória e Rogerinho será top 100 também de duplas, feito inédito para ele.
– Apenas dois dos top 12 de duplas estão de pé: Bruno e Jamie.
– Bia por enquanto avança para 96º, seu recorde pessoal.
Oitavas a concluir
– Murray ganhou 6 de 9 duelos contra Delpo, mas perdeu 2 dos últimos 3. A tradição mostra jogos duros. Dúvida devido a estiramento, Delpo tenta voltar às oitavas de Paris após 5 anos.
– Wawrinka tem 5-1 nos confrontos contra Fognini e 4-1 no saibro. Paris sempre foi o melhor Slam do italiano, que fez quartas em 2011.
– As únicas duas vitórias de López sobre Cilic vieram exatamente no saibro. Croata busca 100º triunfo no piso e repetir melhor campanha em Paris. Canhoto de 35 anos, espanhol só fez oitavas no torneio de 2004, quando perdeu para Guga Kuerten.
– Diferença de Nishikori no duelo asiático contra Chung é de 65-4 em vitórias de Slam e 323-35 em nível ATP. Mas japonês está com problema nas costas e preocupa.
– Monfils e Gasquet prometem equilíbrio total. Em 14 duelos, 7-6 para Gael. Só se cruzaram uma vez no saibro, em Barcelona de 2011. Imprevisível. Quem vencer, será última esperança francesa na chave.
– Duelo de geração entre Isner (32 anos) e Khachanov (21). O russo ganhou mais jogos este ano no saibro (9 a 7) e Isner no geral (14 a 12). Khachanov tem recorde negativo em tiebreaks em 2017 (6 de 20).
– Verdasco venceu Cuevas em Roland Garros de 2014 em jogo intenso e virada de 2 a 0. Último uruguaio nas oitavas foi Filippini, em 1999. Espanhol já chegou na quarta rodada cinco vezes.
– Fato curioso, tanto Edmund como Anderson nasceram em Johanesburgo. Britânico não perdeu sets ainda. Ex-top 10, sul-africano já passou por duas cirurgias, no ombro e tornozelo.
– Apenas dois dos oito duelos femininos envolvem confronto direto entre cabeças de chave: Halep x Kasatkina, possivelmente o melhor jogo do dia, e Vesnina x Suárez, em que a espanhola ganhou todos os três anteriores.
– Favoritismo para Pliskova e Svitolina. E atenção nas francesas: Cornet desafia Radwanska, contra quem tem terríveis 1 a 7 nos duelos, e Garcia pega Hsieh.